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#DIADOTRABALHADOR | 30/04/2024
1º de maio: a classe trabalhadora é internacional

“Tem certos dias em que eu penso em minha gente. E aí me dá uma tristeza no meu peito. Feito um despeito de eu não ter como lutar. Dá uma inveja dessa gente. Que vai em frente sem nem ter com quem contar. Que é gente humilde, que vontade de chorar.”

*Gente Humilde. Música de Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, Vinicius de Moraes e Chico Buarque

A opressão. A exploração. Discriminação, desigualdade social, racismo, intolerância e ódio. Tudo isso, junto ou apartado, também é internacional. Assim move o mundo cujo combustível é a ganância dos capitalistas. Na fumaceira, “casas simples com cadeiras na calçada. Na fachada escrito em cima que é um lar”, diz a música. O trabalhador só quer justiça, vida digna e viver em paz.

Nas comemorações, eventos, manifestações e atos políticos no 1º de maio todas estas questões estarão em cena no mundo todo. Matança do povo palestino, conflitos na América Central, greves na Europa e guerras espalhadas pelo planeta. Segundo a consultoria Eurasia, o ano de 2024 é dado como “o ano das três guerras”: o conflito entre Rússia e Ucrânia, Israel contra a Palestina, Líbano, Síria, Iraque, Iêmen, Irã e Paquistão, além das tensões internas nos EUA alimentadas por líderes ultraconservadores. Seguramente, as bandeiras contra as guerras, em defesa de direitos e da liberdade irão tremular neste primeiro de maio.

Atividades unificadas

“Por um Brasil mais justo” é o tema do 1° de maio deste ano e para que haja mais justiça social nesse país. O Dia do Trabalhador terá ato unificado em muitas capitais e cidades brasileiras. Estão na promoção dos eventos a Intersindical – Central da Classe Trabalhadora, a CUT, a CTB, a UGT, a Força Sindical e a Nova Central. Os atos contarão também com a presença de trabalhadores rurais, movimentos de mulheres, LGBT+, negros e povos indígenas.

Entre os motivos de luta estão a aposentadoria digna, redução do preço dos alimentos, emprego decentes, correção da tabela do Imposto de Renda para aliviar o bolso dos trabalhadores, redução dos juros para estimular o crescimento econômico, assim como o combate à fome, pela igualdade salarial entre homens e mulheres, e a valorização dos serviços públicos. Além da reconstrução do Brasil e a defesa da democracia.

Bancários na luta 

Em Porto Alegre, as atividades do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora se darão a partir das 13h30 na Casa do Gaúcho. Além do ato com a presença de lideranças políticas e sindicais, como o senador Paulo Paim (PT) e o economista João Pedro Stedile, haverá música, diversão e ações de cidadania. O SindBancários marcará presença no evento, que contará com shows de Produto Nacional, João de Almeida Neto, Grupo Samba Delas e Florisnei Thomaz. 

Histórias do 1º de maio

O Dia do Trabalhador é celebrado em várias partes do mundo. Por lei, é feriado em mais de 80 países. A data marca a greve operária que ocorreu em Chicago, nos Estados Unidos, em 1° de maio de 1886. O movimento foi duramente reprimido. Em 4 de maio, durante a repressão da polícia, uma bomba explodiu, resultando em dezenas de mortos, nunca se soube o número exato, e inúmeros feridos. O episódio foi denominado de Revolta de Haymarket. Diante disso, em 1889, na França, foi instituído o Dia do Trabalhador em homenagem às pessoas que perderam a vida lutando pelos seus direitos, que ficaram conhecidas como os “Mártires de Maio”. No ano seguinte, a União Soviética também passou a celebrar essa data.

Nos Estados Unidos, país onde se desencadeou a luta dos direitos trabalhistas, o 1º de maio é celebrado na primeira segunda-feira de setembro. De acordo com os livros de história, as autoridades não queriam marcar a data com a lembrança triste deixada pelas pessoas que morreram em Chicago. Os trabalhadores lutavam por melhoria das condições de trabalho. Pleiteavam a redução da jornada (de 13h para 8h); aumento de salários, descanso semanal e férias, além da liberdade de organização.

Os enforcados

Em 1880, no Uruguai, os mineiros da usina Cuñapirú entraram em conflito com os patrões na luta por melhores condições de trabalho. O operário tinha que pagar à companhia de mineração pela casa onde morava, pela comida e pelas ferramentas. O salário, de fome. Cerca de três centenas de trabalhadores escavavam a própria miséria sob ordens despóticas do francês L’Olivier. “O sonho de uma vida melhor transforma-se no pesadelo da quase escravidão”, acinzenta Poti Silveira Campos no seu livro “Uma outra Banda Oriental”.

A repressão ao movimento foi violenta, sanguinária. Uma tropa de artilharia foi enviada para Cuñapirú. Até hoje, o número de mortos permanece desconhecido. Fuzilamentos e cordas nos pescoços dos revoltosos. O acontecimento passou a ser chamado de “Os enforcados” em Minas de Corrales. O movimento no Uruguai antecede em seis anos o enfrentamento de Haymarket, em Chicago, que gerou o 1º de maio. Como tal, a classe trabalhadora e a exploração são internacionais. Estes são dois exemplos apenas. A luta contra a vida miserável se dá aqui e ali, em qualquer data, em qualquer momento e em qualquer lugar. 

Pandeiro e tamborim

No Brasil, o Dia do Trabalhador foi oficializado no governo de Artur Bernardes, em 1925. Antes disso, a data foi amplamente explorada durante a Era Vargas, sendo parte do projeto político do ditador. Atualmente, ela é feriado nacional por determinação de uma lei de 2002. No entanto, a celebração do 1º de maio já era realizada no Brasil desde a década de 1910, sendo marcada por protestos e movimentos organizados por trabalhadores.

Em 1917, por exemplo, ocorreu em São Paulo uma greve geral. Os operários e comerciantes permaneceram em greve durante dias, por conta das condições precárias de trabalho. A luta era por aumento de salário; redução da jornada; proibição do trabalho infantil; proibição do trabalho feminino à noite, entre outras reivindicações. Durante os meses de junho e julho, outros trabalhadores se juntaram ao movimento. Como resultado, as condições melhoraram e parte das reivindicações foram atendidas. Assim, os trabalhadores conquistaram, dentre outras pedidas, o aumento de 20% no salário.

O 1º de maio é um momento para relembrar a luta dos trabalhadores do passado, mas também para reforçar as lutas do presente. O movimento que visa estabelecer condições dignas de vida e trabalho é uma necessidade permanente. “A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”, advogou Karl Marx em defesa da união dos explorados e oprimidos.

Fontes: Professor Daniel Neves Silva,especialista em História e Narrativas Audiovisuais da Universidade Federal de Goiás (UFG); Site Brasil Escola; “Uma outra Banda Oriental”, livro do escritor Poti Silveira Campos; “Junta-Cadáveres”, obra de Juan Carlos Onetti; e Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels.


Fonte: Imprensa SindBancários Poa

 

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